MAX LORRAN OLIVEIRA DE FREITAS (autor), FLÁVIA CIRQUEIRA (orientadora)
A arquitetura efêmera ou transitória é a área da arquitetura que projeta ambientes temporários, objetivando a objetificação (tornar objeto físico) de um conceito, ideia, história ou experiência, por um curto ou limitado período. A palavra ‘experiência’ foi considerada a ‘Palavra do Ano’ pela Forbes em 2018, diversos artigos vêm sendo publicados demonstrando a crescente demanda da população e adaptação das empresas à essa nova realidade de mercado e negócios, onde por exemplo as pessoas não vão mais às cafeterias apenas para tomar café, mas sim para vivenciar uma experiência, ver o café sendo moído na hora, participar do processo. Através de um festival de música e arte é possível usar a “experiência do usuário” para gerar oportunidade e engajamento para os novos artistas e população local fomentando a cultura, a troca de experiências e diversidade entre as tribos. Os estilos musicais por vezes delimitam o estilo de vida de seu público de modo a viverem dentro de um estereótipo e consequentemente de uma “tribo” onde seus pertencentes se reconhecem (quem escuta sertanejo frequento determinados bares, fazendas, preferem caminhonete, gostam de churrasco, etc. O público do rock tende a gostar de motos, encontros de motociclismo, festivais, bebidas quentes, tocar guitarra, etc.), em contrapartida a música é influenciada pelos processos de modificação e adaptação cultural das tribos que representam. “A arte imita a vida ou a vida imita a arte?”. O processo é simbiótico, ambas influenciam e são influenciadas uma pela outra a todo momento. A configuração e especificidades técnicas desse modelo de arquitetura permite seu transporte entre diversas áreas da cidade e entre cidades, além da adaptação de sua escala, relativo tanto aos espaços vazios (permanência e transição do público), quanto à estrutura. A música como objeto principal do projeto faz alusão ao caráter representativo de Goiânia - GO no cenário da música brasileira como berço de talentos artísticos, da música sertaneja e rock independente. Este último hoje recebe influências dos diversos gêneros nacionais e internacionais fomentadas pela internet e pelos processos da globalização, não obstante, demonstra ainda raízes fortes e apego à sua música tradicional. Os festivais e eventos ocorridos hoje em Goiânia - GO como o Villa Mix, Bananada, Deu Praia, A Casa, etc. tem como artistas apenas nomes consagrados e 15 de atual relevância no mercado musical atual, não agregando oportunidade da apresentação dos artistas locais (pequenos e médios) sem espaço e ou participação na estrutura midiática. Diante da diversidade cultural apresentada, por meio dos eventos culturais, objetiva-se, com este projeto, desenvolver de uma estrutura arquitetônica efêmera e itinerante com infraestrutura adequada e flexível, que possibilite a execução em espaços abertos como praças, parques e glebas um festival de música e arte.
"A sociedade está em movimento, está em constante modificação, e a criação do ambiente do festival, com suas diferentes modalidades de arte se relacionando e sendo apresentadas ao mesmo tempo proporciona um ambiente dinâmico que agrega os diferentes sentidos do público. Como seria viver em uma cidade toda colorida? Talvez enjoaríamos rapidamente. Mas fato é que a sociedade segundo suas nuances e necessidades gerou modelos de arquitetura mais sóbrias e austeras que se adaptem com as mudanças hoje requeridas e proporcionem uma sensação de paz e limpeza. O uso das cores sendo algo “raro” atualmente favorece a criação e apropriação do festival a essa linguagem visual, criando intervenções por toda a cidade que remetam ao acontecimento do festival, colocando a cidade em caráter de unidade."
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